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AirBnb em Barcelona: com os dias contados?

Plataforma de aluguel de casas por temporada deve tirar os apartamentos sem licença turística em Barcelona do ar; prefeita luta pela regulamentação

Por Adriana Setti
Atualizado em 19 mar 2021, 19h56 - Publicado em 13 jul 2017, 09h41
A retirada dos apês ilegais vai reduzir drasticamente a oferta (Shutterstock/Arquivo pessoal)
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Desde que assumiu o mandato em 2015, a prefeita de Barcelona Ada Colau declarou guerra contra o aluguel ilegal de apartamentos por temporada através de plataformas digitais. Depois de conseguir um acordo com o HomeAway e o Booking para a retirada dos imóveis sem licença turística, a prefeitura da capital catalã chegou a multar o AirBnb, que resistia bravamente, em €600 mil. Sob a ameaça de uma segunda paulada no mesmo valor, a gigante californiana finalmente cedeu.

A partir de agora, o site se compromete a tirar do ar os apartamentos sem licença turística indicados pela prefeitura de Barcelona (que, pelo menos até agora, não tem o aos dados das transações que acontecem via AirBnb). Ou seja, para isso acontecer, o imóvel já precisa constar em uma suposta “lista negra”, muito provavelmente formada por aqueles que já foram denunciados por seus vizinhos e que são apartamentos utilizados exclusivamente para o aluguel turístico. A médio prazo, a ideia é excluir todos os ilegais, o que diminuiria drasticamente a oferta desse tipo de acomodação na cidade.

Ao menos por enquanto, nem o AirBnb e nem a prefeitura pretendem vetar as pessoas que, mesmo sem licença turística, disponibilizam as suas casas quando saem de viagem ou alugam quartos para viajantes – a proposta inicial da plataforma, afinal de contas. No entanto, não há uma regra clara para essa modalidade. O mais fácil, ao meu ver, seria limitar o aluguel a X dias por ano, o que deixaria de fora os especuladores. Mas não se sabe ao certo quando e se isso vai acontecer.

Não é a primeira vez que bato na tecla do efeito colateral causado pelas plataformas de aluguel de temporada. A questão é que vivo em Barcelona, provavelmente uma das cidades mais afetadas por esse fenômeno universal: aluguéis caríssimos, edifícios sem moradores fixos, bairros tradicionais desfigurados. Sendo assim, apesar de preferir me hospedar em apês ao invés de hotéis – e fazer isso frequentemente – estou cada vez mais consciente do problema que essa prática acarreta quando a a ser uma nova forma de turismo em grande escala. Portanto, acho que é meu papel (como jornalista de viagem) levantar a discussão para que possamos encontrar uma forma de fazer isso de uma forma mais responsável.

A decisão do AirBnb no caso de Barcelona (vetar os especuladores mas manter os que realmente usam a plataforma para movimentar a “economia compartilhada”) pode até servir de exemplo para nós, viajantes. Ao alugar um apê pela plataforma em cidades que estão vivendo o mesmo tipo de conflito (Nova York, Miami e tantas outras), dar a preferência aos hospedeiros que genuinamente compartilham suas casas (basta perguntar: você mora no imóvel?), esquivando das empresas e dos especuladores, já é um bom começo.

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Leia mais sobre o efeito colateral dos alugueis de temporada neste post e neste outro.

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