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Ferran Adrià reabrirá elBulli no dia 10 de janeiro de 2020

O chef, que já foi apontado como melhor do mundo, volta à cena com um centro de pesquisa sobre a inovação

Por Adriana Setti
Atualizado em 26 nov 2019, 19h27 - Publicado em 11 nov 2019, 20h06
Ferran Adrià no dia em que fechou o elBulli, em 2011 (Ferran Adrià/Arquivo pessoal)
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O chef catalão Ferran Adrià acaba de anunciar a data em que abrirá elBulli 1846. A esperadíssima inauguração acontecerá dia 10 de janeiro de 2020, no lugar onde tudo começou: a Cala Montjoi, a 165km de Barcelona. Ao contrário do que muitos imaginariam, no entanto, seu novo projeto a bem longe de ser um restaurante.

El Bulli 1846 será um centro de pesquisas no qual o cientista maluco dos fogões pretende explicar ao mundo o que fez nos últimos oito anos, desde que aposentou as caçarolas. Segundo Adrià, o lugar “será maior que o Museu Dalí de Figueres” e terá uma exposição sobre inovação, além de espaços direcionados à pesquisa.

Em 2010, ao considerar que já tinha esgotado as suas possibilidades na cozinha, Ferra Adrià chocou o universo da alta gastronomia  ao anunciar, durante o congresso Madrid Fusión, que fecharia elBulli. Àquelas alturas, ele reinava absoluto no cenário internacional, ostentando três estrelas no guia Michelin e o feito inédito de ter ocupado a pole position da lista 50 Best por quatro anos consecutivos (marca jamais igualada). A morte anunciada aconteceu no ano seguinte, deixando a ver navios mais de dois milhões de pessoas que imploravam anualmente por uma mesa no elBulli (istrar a demanda era um dos pesadelos de Ferran), onde a conta por cabeça ava de €300.

Depois de sumir do mapa por dois anos, o cozinheiro voltou à cena tocando a elbullifoundation, uma fundação dedicada a turbinar a eficiência no processo criativo e decodificar o genoma da cozinha – sem cozinhar. Para isso, criou um método altamente complexo, chamado Sapiens, que tem como lema “compreender para inovar”.

Muita gente achou que o babado era conversa de maluco (inclusive ele mesmo em alguns momentos, segundo me disse numa entrevista). Mas o fato que é, nos últimos anos, ele andou envolvido em projetos com parceiros como Disney, a universidade de Harvard, entre muitos outros.

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Além de elBulli 1846, Ferran também pretende materializar LaBulligrafia, um arquivo-museu com milhares de registros e fotos sobre a história do elBulli. Seu projeto de vida ainda inclui a Bullipedia, uma gigantesca enciclopédia da gastrobomia elaborada com o método Sapiens que deve ter mais de dezenas de volumes e ser disponível para consulta on-line. Vários deles já estão à venda na elBullistore.

Como vocês já devem ter reparado, o cozinheiro tem obsessão por documentar e organizar o seu legado. O mundo agradece. Ao longo dos 27 anos em que esteve à frente do elBulli, mais de dois mil cozinheiros estagiaram ao seu lado (do italiano Massimo Bottura ao dinamarquês René Redzepi, quase todo mundo que é alguém na alta cozinha ou por lá), arquitetando as técnicas mais relevantes da chamada cozinha molecular. Foi, basicamente, o mais importante que aconteceu entre a nouvelle cousine, nos anos 70, e os dias de hoje – e o motivo pelo qual a Espanha ou a ser o país a ditar tendência, deixando a França comendo poeira. E se você está curioso para provar um pouco da cozinha “bulliana” pelas mãos de quem criou esse universo com Ferran, pode ir a um dos restaurantes de Albert Adrià (caçula de Ferran) ou ao Disfrutar, dos chefs que formavam o núcleo central da “inteligência” da cozinha do elBulli.

Procure acomodação da Cala Montjoi

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